segunda-feira, janeiro 12

Berlim lembra 90 anos da morte de Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht

Cravos vermelhos encobrem a lápide de Rosa Luxemburgo em Berlim

Anualmente, milhares de pessoas peregrinam para o cemitério Friedrichsfelde, em Berlim, onde estão enterradosos revolucionários socialistas Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, brutalmente assassinados há 90 anos.

Todos os anos, no segundo domingo de janeiro, milhares de pessoas visitam o Memorial dos Socialistas, nocemitério berlinense de Friedrichsfelde. Ali estão enterrados os políticos social-democratas Rosa Luxemburgo eKarl Liebknecht, cofundadores do Partido Comunista da Alemanha (KPD).

Neste domingo (11/01), milhares de pessoas voltaram a jogar cravos vermelhos nos túmulos dos dois socialistas,assassinados há 90 anos. À frente do cortejo estava o presidente do partido A Esquerda, Lother Bisky, comotambém o chefe da bancada parlamentar do partido, Gregor Gysi.

Egon Krenz, chefe de Estado da extinta Alemanha Oriental (RDA), também estava presente. Na época da RDA, atradicional peregrinação era um evento. A liderança do partido A Esquerda, no entanto, afirmou que a lembrançaanual da morte dos dois socialistas nada teria a ver com "nostalgia da RDA"

Análises do capitalismo "incrivelmente atuais"
Em 15 de janeiro de 1919, Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht foram mortos brutalmente. Os assassinos foramsoldados voluntários de tendência de direita, engajados pelo então governo social-democrata, que lhes deracarta branca. Após o fim da Primeira Guerra Mundial, o medo de que uma guerra civil pudesse levar a Alemanha ase tornar uma república socialista nos moldes da Rússia comunista levou ao assassinato de Luxemburgo eLiebknecht, cujos enterros foram acompanhados por protestos em massa.

"Os mortos nos exortam", está escrito na coluna em pedra de quatro metros de altura, ponto central do Memorialdos Socialistas. Um mar de coroas e cravos vermelhos encobre o espaço circular onde estão as placas em memóriados socialistas mortos, entre eles Liebknecht e Luxemburgo.

Bisky e outros conhecidos políticos de esquerda reúnem-se anualmente diante dos revolucionários mortos. Apesarde realizadas há mais de 90 anos, as análises do capitalismo feitas por Luxemburgo e Liebknecht seriam"incrivelmente atuais", afirmou Bisky em alusão à crise financeira e suas consequências.

"Liberdade é sempre também a liberdade de quem discorda de nós"
Na época da RDA, a participação na cerimônia era um exercício obrigatório. Após aqueda do Muro de Berlim, em 1989, o evento continuou a acontecer, mas voluntariamente. Todos os anos, pordiferentes motivos, milhares de pessoas atendem ao chamado do partido A Esquerda e de outros partidos. "Rosa Luxemburgo foi uma mulher excepcional, que não deve ser esquecida. Acho bom o fato de muitas pessoas irem à ruapara lembrar-se dela", afirmou uma participante.

O presidente do partido A Esquerda se lembra, especialmente, da cerimônia realizada em 1988, quando ativistasde direitos civis da antiga RDA protestaram no evento em memória de Luxemburgo e Liebknecht. Na ocasião, o lema foi: "Liberdade é sempre também a liberdade de quem discorda de nós", uma famosa frase de Rosa Luxemburgo.

Flores aos revolucionários que não venceram
Duas décadas após a reunificação alemã, multidões ainda se reúnem em torno do Memorial dos Socialistas. "Acho que essa é a forma respeitável com a qual as pessoas de esquerda dizem: 'Nós lembramos nossos ícones,personalidades do movimento trabalhista. Mesmo que não nos exijam, mesmo que não sejamos obrigados. Honrar Karle Rosa é uma necessidade'", afirmou Bisky.

Pouco antes de ser assassinada, após a repressão da Revolução de Novembro de 1918, Luxemburgo escreveu que o regime dos seus opositores estava "construído sobre areia" e que a revolução iria reerguer-se, rapidamente - um erro, como demonstrou a história.

No entanto, também no século 21, as idéias de Luxemburgo e Liebknecht são compartilhadas por muitas pessoas,como provam os milhares de peregrinos que, ano após ano, jogam cravos vermelhos nos jazigos dos revolucionáriosque não venceram sua causa.

DW/Agências

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